08 jun Educar para o Envelhecimento ou Endurecer Penas? Uma Reflexão!
Enfrentamento à Violência Contra a Pessoa Idosa: A Educação para o Envelhecimento ou o Endurecimento de Penas para o(a) Agressor(a)?
A realidade brasileira nos mostra que, apesar do endurecimento de penas para os agressores que comentem violência contra a pessoa idosa, a violência aumenta a cada dia, mesmo havendo subnotificação.
Dados recentes (2017) do Disque 100, do Ministério de Direitos Humanos, trás à luz informações preocupantes, quando apontam que o maior agressor da pessoa idosa, 51%, é o (a) filho (a) e que o entorno familiar responde por quase 80% dos agressores. Essas informações são preocupantes porque pesquisas comprovam que em virtude desse agressor ser um (a) filho (a), a pessoa idosa não denuncia a agressão.
Diante disso, cabe-nos a seguinte reflexão: Será que o caminho para erradicar a violência contra a pessoa idosa é o endurecimento das penas para os agressores ou o caminho é a educação para o envelhecimento para todos os membros da sociedade?
É fato que a sociedade brasileira é altamente preconceituosa e dominada pelos preconceitos, estereótipos e mitos sobre o envelhecimento, a velhice e o(a) velho (a). E isso se reflete nas violações frequentes aos direitos da pessoa idosa. Violações essas, que começam dentro do ambiente domiciliar e se expandem para os mais diversos ambientes na sociedade, e seguramente, ocorrem pela ausência de uma educação para o envelhecimento para todos os membros da sociedade brasileira.
A ausência dessa educação para o envelhecimento dirigida à população brasileira gerou e gera sérias consequências tais como: a manutenção desses mitos, preconceitos e estereótipos sobre o envelhecimento, a velhice e o(a)velho(a); a negação da velhice pela sociedade; a violência contra a pessoa idosa por parte de profissionais das mais variadas áreas, familiares, governantes e da sociedade em geral, que encaram a população idosa como um problema social.
Portanto, partindo da concepção freireana de Educação, entendemos que o caminho para a erradicação da violência contra a pessoa idosa, não é o endurecimento das penas para os agressores, mas a educação para o envelhecimento, porque é um ato político – empoderamento de classe social e protagonismo das pessoas –, é um ato de conhecimento – construção de saberes sobre e para o envelhecimento humano –, e é um ato criador – transformação da realidade para lograr um envelhecimento digno –, e somente mediante essa educação para o envelhecimento, a população em geral aprenderá a envelhecer desmistificando mitos e estereótipos sobre o envelhecimento humano, a velhice e o (a) velho (a), erradicará o idadismo, construirá a solidariedade intergeracional e logrará um envelhecimento digno.
Profa. Dra. Tereza Rosa Lins Vieira
Presidente da ANG